caminho. A psicologia aborda e tenta explicar muitos deles, mas alguns
ficam apenas na teoria, quando não totalmente encobertos. Cada binômio
mãe/bebê é único. Vem de uma história pregressa, com expectativas que
têm mil vertentes e formatos, mas cujo resumo é incrivelmente simples:
amor recíproco.
E então o bebê nasce, e tudo o mais é mistério e fascinação. Outros
sentimentos sem nome, inseguranças inesperadas, uma revolução em nosso
íntimo enquanto levantamos de madrugada para amamentar e para trocar as
fraldas. Muito disso é abordado pro ciências competentes, mas algo ainda
permanece oculto, por ter raízes ulteriores ao ventre e seguimentos
posteriores ao túmulo.
De qualquer modo, faz-se o laço, tece-se o ninho, intensificam-se os
gestos. Mãe e filho - um binômio único, que jamais se repetiu ou se
repete.
Alguém disse que cada criança é única sob o Sol, mas também cada
dupla materna é única e irreproduzível. Mesmo que tenhamos outros
filhos, outras serão as combinações entre nós e eles, outra será nossa
atmosfera psíquica...
Mas então você nasceu, e, de repente, fez 3 anos. Como isso
aconteceu? Como eu estive presente e parece que nem vi? Como estive tão
atenta e o tempo passou rápido desse jeito? Eu não entendo.
Pergunto-me se já estivemos juntos. Se, em outros tempos, outros
contextos, nossas mãos estiveram entrelaçadas; confiança total,
recirpocidade intuitiva, caminho de mistérios e de reencontros...
Então, de tudo que eu sei, vem muito que ignoro. Que passa por n´so
através dos dias; que nos impregna, nos influencia, nos conduz e nos
revela a nós mesmos.
Seguurando sua mão antes de dormir, sentindo sua respiração se
fazendo macia e tépida, ouço o ponto exato em que seu sono se aprofunda.
Toco de leve o seu rosto, os cabelos, as pálpebras, e me lembro de "o
pequeno príncipe", quando Exupery se enternecia ao carregar o
principezinho adormecido nos braços: "O que vejo não é mais que uam
casca; o mais importante é invisível".
Obrigado, meu filho, por esses três anos extremamente intensos,
extremamente exigentes, intensamente exaustivos e, sobretudo, os mais
felizes, enriquecedores, plenos e proveitosos de toda a minah vida.
Parece mesmo que eu nasci, cresci e vivi simplesmente para te gerar,
para te ter em meus braços, para te conhecer e te acolher, para ser
desafiada, instruída, provocada e acalentada pro você. Obrigada,
obrigada, bichinho de mola...
Jo